Dizia-te que voltei, no outro dia. Que achava que sim. De uma longa migração no estrangeiro do que mais sou. E, às vezes, queria mesmo que sim. Queria virar-me subitamente e ver-me lá, como antes. E chamo muitas vezes por mim. Pela que fui. Ou pela que julgo ter sido. Mas mais vezes pela que não consegui ser. Pela pessoa que sei que seria. Toda a gente era para ser outra, como se sabe.
De qualquer modo, se me vires, por exemplo, numa carta por enviar que deixei dobrada num livro que te tenha emprestado, devolve-me. Alisa os vincos e os cantos dobrados (sabes como detesto cantos dobrados) e devolve-me. Tenho-me feito muita falta.