sexta-feira, outubro 06, 2006

Como ficava sempre a ser só um com a televisão à hora do telejornal, nunca me dei conta disso. Por mim, não podia mais que movimentos quase nada, a peúga a gritar-me ser puxada para cima ficava já a demasiada distância, porque era só a curva do tronco, ainda a meio, e sossega!
Não me dei conta porque nunca o vi fora dela àquela hora. Só agora o sei. Devo ter sido isso, quase toda um sossego ao lado de um corpo grande, com um bater ritmado de dedos em cima da mesa, mas coisa que agora me parece miudinha, quase desejável. Julgo ter sido, como dizias. Ao fundo, os olhos do homem fixavam-se em mim, não no resto do sofá, enquanto me andava a cabeça em torradas, na minha avó está bem assim, o leite? e na meteorologia a demorar-se. E já para ser outra que não a de hoje.
A peúga numa comichão que não há mas parece, a perna a pôr-se em linha recta, um estalido traidor do joelho, sossega!
Talvez não se consiga ser por um pode dar um jeitinho? num autocarro só gente e nós que até o dávamos, mas o espaço que não há e alguém a mandar-nos não ser mais que um corpo posto. Digo dentro de nós, o lábio ansioso por o dedo lhe chegar à frente, sossega. Digo partes dentro de nós. Por já não se querer torradas, leite e está bem assim?
E há, sei que há quem tenha torradas mesmo antes do estado do tempo, mesmo antes de o homem engravatado deixar de olhar para o sofá.