Que o que está dito tem o peso dos contornos, julgo. E que o zumbido de quando se está calado vem a arrastar com um compasso infalível porque o espaço em que nos multiplicamos.
E lembro-me dos olhos de sobrancelhas subidas até ao não começar a fazer dobras na testa, a boca na sua missão de oval, a saber medir o som do espanto, que é coisa que tem ponto certo. Parte de mim não te mexas ao som do espanto. A mão sozinha, comandada, com dedos em deslize de querer virar-lhe uma página. A sério que sozinha porque era a programação, bem vi, e a programação não é coisa de a boca se manter assim. Os canais em letras, as horas, os programas em letras não fazem aquela cara. E eu renitente em definir contornos, a sacudir não é nada disso.
E o zumbido de quando se está calado? Nós em tudo.
A sacudir não é nada disso a terceira vez e o jornal quieto na programação, porque já as pernas tinham tido mais força que os dedos em deslize e a ideia de outro espaço. Fiquei. Ainda uma compulsão de aonde vais? mas eu a tempo de decidir que os contornos pouco exactos. Que o que está dito raro é um decalque. Que no não dizer se está visceralmente. Por isso se repete a escrita.
Era a programação, bem vi, e a programação não é coisa de a boca na sua missão de oval.
sexta-feira, março 23, 2007
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
24 comentários:
ai
o
d
es
li
Z
aR
sinusoidal-
compulsivo das
pa-lavras...
boa nOite júlia
Que bom descobrir-te. *
É... A programação nunca é...
E o tal zumbido sempre resta, sempre.
Beijinho.
E e é pelo zumbido, julgo, que se escreve. Que se repete.
Obrigada pela leitura.
Beijinho.
"Que o que está dito raro é um decalque. Que no não dizer se está visceralmente. Por isso se repete a escrita."- São evidências... embora tão difíceis de fazer saber, por isso inquietantes... tão dificeís de saber entender quando se está do outro lado. Na dúvida, permaneço em silêncio, ou escrevo. Foi-me difícil este texto de todas as vezes que o li. Hoje ficou-me isto. Gostei. Um beijo.
É mesmo isso - do outro lado e a inquietação. Coisa de às vezes nem quase. E a dúvida.
Obrigada, Marta.
Um beijo.
agradeço a passagem pelos cadernos - bom feriado.
E os contornos não se definem tanto mais pelos zumbidos do fundo de nós?
Talvez, Andrea. Mas esses, de tão concretos, são todos só nós. Por isso se está visceralmente.
este lugar faz-me sempre lamentar a impossibilidade de o acompanhar assiduamente. e no entanto, um fragmento apenas traz tanto a que vos lê. beijinho. J.
Lindo
"Por isso se repete a escrita."
Repete-se?
Nem de propósito... gostei dos contonos das palavras reveladas com fluídez
que silêncio... J.
Moro na rua do nada
Aquela que ninguém vê
Mas que todos pisam
Tem vistas para o infinito
E acaba a onde a alma começa...
Não vim parar aqui por engano.
Gostei do que li...voltarei mais vezes...)*bjs
Tudo tem seus contornos, porém o que não é dito parece ser mais perfeito.
E o impreciso sempre tem o seu charme.
adoro esse lápis apontado para nós!
beijos mil e bom fim-de-semana!
Gostei muito da sua prosa. Convido-a a publicar em mais um local, se aceitar, claro...
Mas pode sempre dar uma espreitadela:
http://www.escritartes.com
Um abraço
ESCUTA O SOM MAIS PURO DA TUA VOZ....
Boas festas:)
que o que está dito, está dito? fazem falta as vossas palavras.
peso dos contornos...nus
Gosto!
A marca circular sobre o corpo. O caminho por onde segue. O rasto. O sémen deixado sem dó pelo caminho. A semente inacabada. Porque essa dúvida se mantém. Permanente. Perene. Mas circunstancial. Ácida e volúvel, mas mansa e tempestuosa. O furacão da dúvida. A tempestade.
(Só para dizer 'Estou de volta'. Um abraço)
gostei...
Que belas "mal traçadas linhas" :)
www.captiveofmynegativity.blogspot.com
Enviar um comentário