sábado, abril 29, 2006

Da próxima vez, escrevo a sério. Escrevo mesmo.Um texto a transbordar de palavras inteiras. Sem que a vida me interrompa, é que estou farta de tentar colar todos os pedaços do que não digo sempre que uma porta me estilhaça o silêncio. De modo que não sei se chego desta vez. Como nunca, de resto. É por isso que a tal senhora não te ouviria. A ilusão é estridente. Ou a lucidez, não sei bem. Como todas as vozes de nós, os néons privados e obsessivos dos dias em claro. Não sei se te disse que quase prefiro as noites. Mesmo o tumulto vazio dessas horas, que nunca transborda. Uma espécie de sangria adiada da alma, uma coisa assim. O preço da invivência, digo-me (do viver para dentro, devia vir nos bons dicionários). Bem conheço o chinfrim de todas as palavras não ditas. Será que a tal senhora adormece melhor? Quem espera convictamente quer chegar à margem clara da manhã, garanto-te, quase com a mesma certeza com que te afianço que as portas espezinham as palavras. E com que tento dizer que gostaria era de me libertar deste guizo interior que me sufoca. É que nem sempre gosto de dar por mim.

1 comentário:

Anónimo disse...

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