terça-feira, abril 25, 2006

Um verbo sozinho. Esperar. Tens mesmo razão.
E do que ouvi vinha isso, esse empenho ao vazio. Mesmo entre o agudo dos pires e das chávenas a deixarem-se cair na máquina de as limpar até ao íntimo e o senhor Artur (por meio da história) aqui têm tudo em condições, bem servidos, com uma descida de tronco de mão atrás e à velocidade com que me passam as noites de não dormir. Mas a sério que me chegou esse empenho de que falavas (mas não o sabia dizer) mesmo entre a forma irritante com que nos entra o som de pratos a baterem depois de insónias.
Mas dizias que o regresso traz outro. E se lhe batesse à porta? À porta da senhora que me ficou entre os trocos? Digo eu, eu bater-lhe à porta. Que quando voltar é outro, que ponha só um prato, que os dias assim, com esforços por encolhê-los ao máximo para passarem a ser outros, são forma de se passar pela vida sem fazer barulho. Ou deixá-la a tecer farrapos de nada, de que falavas, no seu tecido? É forma de se estar.
Um verbo sozinho, de facto.
Eu bater-lhe à porta, dizia. Há ideias que nos vêm ao mesmo tempo que as enxotamos. Eu. Como se fosse costume fazer barulho. Às vezes, quando a lucidez não arreda pé, quando a aflição do silêncio, como dizias, tenho a certeza de que hei-de passar assim. Que, por mim, tenho o tempo todo bem polido, lisinho, direitinho. Igual. Morto, dirias, talvez. Hás-de ver que não faço barulho. Palavra. Há pessoas que vêm sem guizo.

2 comentários:

Fatma disse...

Passei por aqui como quem não quer nada, no caminho entre blogs e links e fiquei. Quero ler mais.
Fatma

Torquato da Luz disse...

Parabéns pelo blog, que também já linkei.